Dando continuidade a este especial só de “games de navinha” para Mega Drive, estamos trazendo o review de um título obscuro para a maioria dos retro-gamers. Há grandes chances de você nem saber do que estamos falando mas, sem dúvida alguma, este é um dos melhores shooters que você já jogou ou poderia ter jogado. Sendo assim, não perca o oportunidade de saber mais sobre Gley Lancer.
Se você teve o privilégio de espetar o cartucho de Glay Lancer em seu Mega, considere-se um felizardo. Advanced Busterhawk Gley Lancer certamente não é muito conhecido por essas bandas, o que podemos considerar uma injustiça. O game só foi lançado no oriente e por lá ficou “esquecido” por um bom tempo. É claro que, de uma forma ou de outra, os outros continentes tiveram acesso à esta maravilha. Mas foi somente em 2008 que ocorreu oficialmente o lançamento do título ao resto do mundo, por meio do Virtual Console do Wii, que mais uma vez fez um grande favor a nós retro-gamers.
Pode parecer piada de mal gosto mas, segundo especulações na internet, o nome deste clássico deveria ter sido Grey Lancer, com R, mas por um erro de “plonúncia” japonesa, o mesmo foi lançado com esta leve “altelação” na “esclita”. Bem, isso não quer dizer muita coisa pra gente. Seja com L ou R em seu nome, um título como este merece toda a nossa atenção e sou muito grato aos emuladores por tê-lo conhecido, pois trata-se de um trabalho muito bem feito pela Masaya. Quem jogou Gley Lancer o considera como um dos melhores shooters para o console e nisso eu tenho de concordar. Arrisco a dizer que supera Thunder Force em III ou IV em diversos aspectos. Mas sou suspeito em falar, visto ser esse um dos meus shmups favoritos. O game traz ótimos gráficos, trilha sonora refinada e uma agradável jogabilidade. E como diferencial, a narrativa de sua estória é feita por meio de animações no estilo mangá, o que dá um toque todo especial ao game. As imagens com os textos aparecem nos intervalos das missões, no decorrer da jogatina. Hoje em dia isso não é novidade alguma, mas para a época, raramente nos deparávamos com detalhes como este em nossos saudosos consoles, não é mesmo?
A história desta aventura se passa em 2025. Ao invés de um super herói clichê, os acontecimentos giram em torno de Lucia, uma jovem de apenas 16 anos, piloto de caça da Federação da Terra. Apesar da idade, a mocinha demonstra coragem digna de invejar qualquer marmanjo. Quando a humanidade entrou em guerra com uma desconhecida raça alienígena, o pai da jovem, um renomado almirante da Federação foi capturado e teleportado pelos extraterrestres no momento em que sua nave se afastava da zona de combate. Com o coração abatido, porém determinada, Lucia decide enfrentar o desconhecido. Auxiliada por um de seus amigos, ela sequestra o protótipo de caça Glay Lancer e parte em busca de seu pai.
Os cenários são diversificados, podendo ser o próprio espaço, crateras ou os corredores super estreitos das estações espaciais. Em um dos cenários estão presentes chuvas, aparentemente de meteoritos e outros destroços que, além de enriquecer o visual, interferem diretamente no desafio. A direção de seu caça é sempre voltado para a direita, mas variando um pouco a jogabilidade, em determinados cenários a rolagem da tela muda para a horizontal, podendo subir ou descer.
Como ocorre em outros games do gênero, você também conta com o apoio de PowerUps e naves ou canhões auxiliares. As possibilidades de customização de seus tiros é bem diversificada. Uma tela de seleção mostra a situação, ensinando o funcionamento de cada padrão de disparos.
São sete formações de ataques diferentes à sua escolha. Você deve optar por uma delas antes de iniciar sua missão e continuar com a mesma até o fim, podendo trocá-la apenas na tela de continue, caso tome um Game Over. O diferencial fica por conta da trava dos tiros que é feita com o botão C pressionado. Com ele você fixa a direção dos disparos efetuados pelos canhões auxiliares, podendo alcançar praticamente todas as posições na tela. É um recurso que acaba incrementando o desafio, e que obviamente exigirá um pouco mais de sua habilidade na hora do “vamo ver”. Mas não há nada a temer e com um pouco de prática tudo se resolve.
Ao todo são seis tipos de armas diferentes. Durante a troca delas ou em alertas de perigo, são utilizadas vozes robóticas digitalizadas (em inglês). Interessante dizer que neste shmup você não perde os canhões auxiliares se estes sofrerem impacto ou receberem tiros dos inimigos. Sendo assim, preocupe-se apenas em manter seu caça inteiro. Com o botão A você controla a velocidade do protótipo, e isso pode ser feito em tempo real ou com o game pausado. Acredite, o uso deste recurso é muito útil e praticamente obrigatório, pois a velocidade de rolagem da tela, o comportamento de alguns chefes de fase e a espessura do caminho por onde sua nave trafega podem variar com frequência.
Apesar de não ser grande a quantidade de textos presentes nas cutscenes, é provável que haja o interesse em compreender melhor os acontecimentos. Sendo assim, para você que não entende nada de japonês, mas arranha o inglês, uma boa notícia: é possível jogar a versão traduzida do game (agradeça aos Rom Hackers por isso). Utilize o Lunar IPS e aplique o patch da tradução. A versão da Rom que utilizei foi a Gley Lancer (J) [!]. Não tem segredo, é só seguir as instruções do programinha que em apenas alguns cliques sua Rom será traduzida e sem precisar de instalação de software.
Sim, este é um belo game de doze fases. Se assim como eu, você não teve a oportunidade de jogá-lo no passado, sinta-se na obrigação de experimentá-lo. Pra você que é colecionador, fique sabendo que Gley Lancer é encontrado a preços bem salgados pela internet. Eu terminei esta aventura no emulador e digo que valeu cada minuto de jogatina. De quebra fui atrás da trilha sonora que também mexeu demais comigo. Recomendo!!
O slogan do antigo RetroPlayers ainda vale pra mim: “também to morto mas tô aí!”
E muito bem acompanhado =)