Um mundo fantástico, uma bela história, o arrependimento por não ter jogado a 12 ou 13 anos atrás, e a satisfação por conhecer finalmente o universo criado para a série Phantasy Star. Esse é o resumo em poucas palavras do que eu senti enquanto jogava. O game me agradou bastante, mesmo com suas falhas (ou faltas), mas por quê?
Simples: porque a receita para um game longo e simples como PS4 não se tornar enjoativo é NÃO ENROLAR, e isso o game faz bem. A história é apresentada sem enrolação, sem muito detalhismo, sem muita conversa desnecessária, quase curto e grosso mesmo, e mesmo assim consegue manter um grau de profundidade muito raro dentre os RPG’s daquela geração. É como se o protagonista dissesse “O mundo vai acabar, vamos ali pegar uma espada e depois vamos ali dar uma sova no tal destruidor!” e a gente entendesse uma história digna de um livro.
Assim o fato de as dungeons serem extremamente simples e sem segredos, sem enigmas, sem quebra-cabeças ou algo a mais que nos desafie fora as intermináveis batalhas aleatórias, acabam passando batido, pois a gente as termina e nem tem tempo de pensar nisso por que alguma revelação importante acontece logo em seguida, e bóra para o próximo passo!
Soa até estranho, realmente é um defeito do game, ao meu modo de ver, as dungeons serem todas tão simples e curtas, mas o ritmo da aventura acaba suprindo esse fator.
Uma peculiaridade que ajuda bastante também na narração dos acontecimentos, são as inúmeras imagens em anime que mostram a história se desenrolando, desde a abertura até ao final, coisa não muito costumeira naquela época, e que deu um charme especial a essa aventura. Até as viagens espaciais possuem animações muito bacanas! Somando isso a um visual gráfico acima da média da época para o console da Sega, e uma trilha sonora límpida e eficaz, está feita uma excelente atmosfera para o universo de Algol.
Outro fator positivo é que mesmo não jogando os demais games da franquia, fica nítido as referências a eles, com encontros e citações a heróis e acontecimentos do passado. São estátuas, bases abandonadas, destroços de espaçonaves, memórias passadas de geração a geração, criaturas ancestrais ainda vivas, e o flashback perto do fim da aventura quando Chaz, o protagonista deste capítulo, recebe a poderosa espada Elsydeon com a bênção da própria Alis, heroína do primeiro Phantasy Star, é uma das melhores passagens do game.
Mas infelizmente, fora estes fatores positivos que eu citei até agora, não resta muita coisa que eu possa elogiar: o sistema de batalha é simples, faltam indicativos de buffs na tela, indicativos de status para os inimigos, itens de recuperação de TP ou não existem ou são raríssimos, e no geral para se vencer as batalhas o level do personagem conta muito mais do que o equipamento, o que para mim é uma falha muito grave, mesmo em se tratando de um RPG dessa idade.
Alias, quanto aos equipamentos, faltaram mais variações: armas elementais e de status são pouquíssimas, armaduras de defesa contra elementos, coisas que poderiam ser implementadas de modo valorizar a inteligência e a estratégia de quem joga. Esse fator não é agravado por que o jogo é relativamente curto para um RPG, e acaba antes do sistema de batalha ficar enjoativo, coisa que acontece com muito jogo do estilo por ai.
O game também peca na falta do que fazer fora a aventura principal. As bem-aventuradas side quests são poucas, curtas e nada recompensadoras. Senti falta de uma maior complexidade do game nesse quesito, poderiam ter adicionado itens especiais para serem trocados, ou manufaturados por um ferreiro, por exemplo, para se tornarem espadas e armaduras elementais ou coisa do tipo, itens estes que deveriam ser pegos em dungeons difíceis e de difícil acesso, coisa que sempre ajuda E MUITO na evolução dos personagens. Na falta disso, somos obrigados a ficar repetindo corredores já desbravados para upar alguns lv’s, o que não é nada agradável!
Senti muita falta também de outras duas coisas: um sistema de comparação de equipamentos na hora da compra, pois é muito ruim não saber o que se está comprando, e um não, mas VÁRIOS MAPAS dos mundos, pelo menos dos dois maiores, pois ficar perdido em um mundo de batalhas aleatórias é terrível. Tais mapas até foram feitos e constariam no arquivo do game ficando disponíveis no inventário, mas não se sabe o por quê de eles terem ficado de fora da versão final do jogo.
Bem, até fica a impressão de que eu achei mais defeitos no game do que virtudes não é? Mas não é verdade! Como já disse antes, o ritmo do game dita o que a gente faz enquanto joga, e acabamos avançando sem sentir muita falta disso. O que citei como falhas ou ausências no game, eu entendo que ficaria muito bom sim na aventura, mas entendo também que fatalmente a deixaria com uma cara totalmente diferente do que é, mais longo, mais complexo, e pelo que me aparenta, esta não era a proposta da Sega para com Phantasy Star IV.
Phantasy Star IV é um bom RPG, nada espetacular, mas que cumpre a proposta da Sega de simplicidade mesclada a um enredo dinâmico e uma boa história contada de maneira excepcional. Difícil de enjoar pelo seu dinamismo, tem personagens bem cativantes, cenários bonitos, e um protagonista que, apesar de algumas ações típicas de garoto rebelde que ele adota em certas ocasiões, e que as vezes vão contra o que o jogador pensa, tem um entrosamento com os outros personagens que é algo muito legal de se acompanhar. Uma aventura que até pode ser considerada curta para um RPG, mas que por este motivo, destoa das demais por ser eficiente dentro daquilo para qual foi planejada. Phantasy Star IV é um game que me deixou arrependido de não tê-lo jogado na época, pois eu até tive a chance! Talvez se isso tivesse acontecido, eu teria tomado gosto pelo estilo mais cedo.
Obrigado a todos vocês retroaventureiros que acompanharam toda a minha trajetória neste belo jogo, e Galera, vamos maneirar no tamanho das pedras ai heim! kk
Fim
Tópicos Relacionados:
>>>>Retroaventurando-se: Phantasy Star The End of the Millenium Parte 1
>>>>Retroaventurando-se: Phantasy Star The End of the Millenium Parte 2
>>>>Retroaventurando-se: Phantasy Star The End of the Millenium Parte 3
>>>>Retroaventurando-se: Phantasy Star The End of the Millenium Parte 4
>>>>Retroaventurando-se: Phantasy Star The End of the Millenium Parte 5
O slogan do antigo RetroPlayers ainda vale pra mim: “também to morto mas tô aí!”
E muito bem acompanhado =)