Eita nóis, essa faz tempo que não vai pra frente! Invasão tartaruga continua com TMNT The Hyperstone Heist, muito tempo depois mas continua! E fora esse, ainda tem mais jogos dos mutantes verdes mais amados do mundo para serem descritos e avaliados aqui no Retroplayers!
Tá certo que eu me acomodei um pouco em relação a essa série de tópicos… O rascunho deste capítulo está salvo aqui a meses, e eu sempre o olhava, abria, e acabava decidindo que havia coisa mais urgente para ser lançada. Mas um dia eu teria que criar vergonha na cara, e foi comendo uma pizza de mussarela ontem enquanto averiguava tais rascunhos que eu finalmente me senti meio que culpado por não ter finalizado e lançado logo este que é parte de um especial que fala de jogos tão queridos para mim. Mas talvez a demora tenha acontecido devido ao fato de este jogo em particular ter sido o menos especial deles, mas quem sabe?
Razões para isso eu tenho gravadas a ferro quente em minha memória, como as frases de meus amigos que diziam na época: “o de SNES é muito melhor, dá pra jogar os caras na tela” e “o de Mega nem tem a fase das cavernas“, ou as minhas lembranças de ter jogado somente Turtles in Time no multiplayer com os amigos. Só que estas razões faziam muito mais sentido para mim na época do que fazem agora, e por isso decidi rejogar ambos os jogos antes de escrever sobre Teenage Mutant Ninja Turtles the Hyperstone Heist, a versão simplificada do segundo jogo de arcade das tartarugas que deu as caras no console na Sega.
Simplificada, essa é a palavra. A Konami, cara de pau que só, nunca escondeu de ninguém a sua preferência pelo console da Nintendo, baste ver a diferença gritante no número de jogos lançados para um e para outro sistema que percebemos isso com toda facilidade: foram 45 jogos lançados para SNES e apenas 17 para Mega Drive, um dado que pouca gente deve ter parado para pensar desde aquela época. Como se não bastasse o apoio diferenciado, a Konami ainda tratou de lançar no 16 bits da Sega versões simplificadas de alguns jogos que chegaram muito mais completos no concorrente, dentre eles, Sunset Riders, o shoot’n up do velho oeste que é vergonhoso no Mega Drive quando comparado às versões de Arcade e Snes, e este que agora vos escrevo.
Turtles in Time, a versão de SNES que o TH analisou muito bem há alguns meses atrás, é aquela de que me lembrava com mais clareza da jogatina, um game que apesar de mais completo e bonito, não passou nem perto de ter a qualidade e a diversão que os antecessores me proporcionaram, coisa que eu comprovei ao rejogar este game agora que estou com bem menos cabelos, mas por que não, muito mais experiência. O mesmo posso dizer de Hyperstone Heist, que terminei sem muitas dificuldades após uma noite apenas de jogatina.
Alguns gostam de dizer que a versão de Mega Drive se trata de um outro jogo, e não de um port pelado do arcade, mas eu acredito que o mais correto seja dizer que o game foi tão simplificado que a Konami decidiu mudar seu nome de Turtles in Time para Hyperstone Heist como meio de justificar a falta das várias fases, das viagens no tempo cheias de efeitos de rotação e zoom que a empresa não sabia como realizar no Mega Drive, e a inclusão de outras poucas etapas de menor brilho no lugar destas, ou seja, a total descaracterização do título. O resultado é um game que impressiona pela jogabilidade, mas que em todo o restante, decepciona pela diferença gritante para com as versões Arcade e Snes, principalmente se o jogador conhecer essas outras versões, o que não é difícil.
Não que o game de Snes tenha decido redondo nesta última jogadinha que eu realizei antes de jogar Hyperstone Heist, na verdade eu achei ele bem ruim também: um game de jogabilidade dura, imprecisa, com golpes tão impossíveis de desferir que seu uso se torna totalmente inviável (como aqueles que necessitam uma corridinha antes), e um final verdadeiro só acessível após uma muito mais estressante do que divertida jogatina no modo Hard. Só que a versão de Mega Drive, pelo menos tecnicamente, não consegue nem mesmo ser tão atrativa quanto esta, apesar de ter controles bem mais intuitivos e rápidos.
Sim, esta é a única vantagem que essa versão tem em relação às outras, a jogabilidade. Era de praxe a jogabilidade no Mega Drive ser melhor que a do Snes nos games de ação e aventura, talvez isso fosse proveniente do uso do excelente controle de 6 botões do aparelho que foi adotado como padrão do console após seu lançamento, substituindo o pesado e desajeitado controlpad original de 3 botões, e neste game não foi diferente: os comandos saem com muito mais facilidade, a adição de um botão de CORRIDA permite que os golpes que necessitam deste artifício sejam executados com uma facilidade muito maior e à qualquer momento, e a diferença de velocidade na resposta destes comandos é visivelmente notável quando se joga ambos os games por certo tempo. E termina por aqui, este é o único quesito técnico em que Hyperstone Heist supera Turtles In Time, pois no restante todo, o game leva um banho.
Nota-se logo na abertura o pouco capricho que a Konami teve ao criar o game de Mega: é a mesma, mas está bem diferente, mais simples e menos animada, o destruidor aparece na TV, chama as verdinhas pro pau e começa o jogo. Algumas fases são as mesmas, porém menos detalhadas e com a coloração afetada pela menor capacidade de exibição de cores do Mega Drive, outras são novas e foram intercaladas entre estas originais de modo suprir a falta das etapas que correspondem às viagens no tempo de Turtles in Time, pois onde neste game enfrentamos o Destruidor pela primeira vez e somos jogados no passado, é onde termina Hyperstone Heist no Mega Drive: damos um pau no Super Destruidor logo de cara e acaba o jogo! Se não fosse estas novas etapas, meia hora de jogo seria necessário para que Hyperstone Heist fosse vencido. Logo vemos que não existe aquele golpe semi-aleatório da versão SNES onde jogamos os inimigos na tela e que, apesar de só ter real serventia na primeira luta contra o Destruidor, é um efeito bem legal de se ver, mas percebemos também que o botão de corrida ajuda demais a fazer aquela limpeza na tela quando ela enche de inimigos, o que torna o jogo mais fácil.
Geralmente, quando falamos de jogos de ação de 8 e 16 bits, costumamos até mesmo inconscientemente relacionar a qualidade destes diretamente com o seu tamanho, pois em muitos casos, o game muito longo tende a se tornar chato e estressante. Bom, se o game de Snes termina pouco antes disso acontecer, o de Mega peca por não chegar nem perto: Hyperstone Heist é curto até demais, e mesmo com a adição de fases ele não tem metade do tamanho de Turtles in Time. Eu até diria que isso não seria problema se novas atrações tivessem sido criados ou usadas para que as fases novas se tornassem tão atrativas quanto eram aquelas de Turtles in Time onde a gente voava recolhendo coisas pela tela no melhor estilo F-Zero para enfrentar a o chiclete mastigado conhecido por Krang no final, ou aquela em que temos que arremessar os meliantes da Gangue do Pé na tela para detonar o Destruidor naquele esquema muito parecido com o do 1º chefe do eterno Battletoads, mas infelizmente Hyperstone Heist não teve nenhuma adição que o fizesse ser um game notável pelo menos o quanto foi o de Snes: as novas etapas são apenas mais fases a pé com alguns dos chefes do outro jogo no final.
E quando chegamos no final da aventura, espancamos o Super Destruidor e salvamos o dia, percebemos que não precisamos nos aventurar no modo Hard não, o final verdadeiro já vem logo de cara e a estátua da Liberdade reaparece naquele mesmo passe de mágica com que sumiu… Mas entendo que neste caso seria uma coisa boa ter que jogar novamente no hard, pois como se trata de uma pancadaria mais fácil e curta, uma nova jogatina com mais dificuldade em busca de um final verdadeiro seria muito bem vinda para aumentar a longevidade do título.
Hyperstone Heist é um game pela metade, feito por uma produtora que não se importava muito com a saúde do Mega Drive, e que devido a isso, não se comprometeu a criar ou utilizar alternativas que substituíssem com sucesso o que foi retirado do jogo. É divertido, principalmente para quem não conhece a versão de Snes ou de Arcade, mas assim como estes, não chega nem perto da qualidade dos games anteriores da franquia presentes nos arcades e no Nes. Vale uma jogadinha sem compromisso, e acho que essa jogadinha será suficiente para que você, caro amigo retroaventureiro, termine o game e nunca mais encoste a mão nele… Mais ou menos o que muita gente fez com a versão de Snes também.
Fim
O slogan do antigo RetroPlayers ainda vale pra mim: “também to morto mas tô aí!”
E muito bem acompanhado =)