Devem saber vocês, amigos retroaventureiros, que durante uma semana inteira, me ausentei da dianteira aqui do Retroplayers para curtir umas merecidas férias lá no fim do mundo onde estão residindo os familiares da minha noiva. Fim do mundo sim, ô lugarzinho perdido viu! Sem internet, sem telefone, sem absolutamente nada pra se fazer em um lugar tão grande que dava pra brincar de policia e ladrão valendo a cidade toda!
Aí eu pergunto: o que vocês caros amigos levariam para matar o tempo em uma cidade como essa?
Baralho? Um dominó? Jogo de facas Ginsu 2000 Rambo Edition? Naaada, retroaventureiro que se preze levaria obviamente um videogame! Um Dingoo talvez? Certamente, mas como eu não tenho um desses, levei meu inseparável companheiro aventuras: um Game Cube com 4 controles, e uma coletânea de jogos que eu achei que seria o lugar certo para detonar: Sonic Mega Collection.
Claro que levei outros jogos. Mario Party 7 e Mario Kart DD são sempre os preferidos do pessoal quando se tem 4 controles para se jogar né, mas neste caso, eu precisava de algo para jogar sozinho também, e foi aí que eu olhei para aquele DVD cheio de games do ouriço que eu já havia gravado a um bom tempo mas que ainda não tinha tido a oportunidade de jogar, ou tempo, ou saco mesmo. A verdade é que não sei por que ainda não havia pegado Sonic Mega Collection para jogar sendo que eu tinha o jogo!
E só depois de ter jogado e terminado Sonic the Hedgehog por 3 vezes durante as férias, percebi o quanto eu estava sendo idiota. Idiota por que talvez, no fundo, eu tinha medo de jogar e não achar os jogos tão bons quanto achei quando os joguei na época do meu grande e velho Megadrive, idiota por talvez acreditar que por já conhecer os jogos, a experiência de jogá-los novamente poderia não ser tão marcante quanto fora antes. E na verdade, eu estava sendo idiota é por não tentar jogar.
Sonic Mega Collection
O nome já diz: trata-se de uma coletânea da SEGA para Game Cube e PS2 com uma cacetada de jogos do Sonic, e mais alguns jogos extras como Ristar, o game da estrelinha cadente. Ao colocar o DVD no forninho roxo, me deparei com aquela lista de jogos e por um triz, não fui direto para Sonic & Knuckles, que eu sempre julguei ser o melhor de toda a série de jogos do espinhoso. Mas uma força interior me fez olhar lá pra cima, para o primeiro jogo da lista, aquele que iniciou a série que eu tanto curti em minha adolescência. Por alguns instantes, me lembrei de uma ou outra passagem secreta daquele jogo e da sensação que eu tive quando as havia descoberto por acaso, me lembrei do desespero de morrer afogado por causa de uma maudita bolha de ar que não crescia logo do chão. Acabei por fazer uma conta rápida, percebi que essas lembranças já tinham uns 17 anos, e fiquei meio perdido quando percebi que elas eram mais velhas que minhas duas cunhadas adolescentes que estavam prestes a assistir a jogatina. Pois é, naquela noite eu ia mesmo era jogar Sonic 1, e eu já sabia disso quando havia colocado o DVD no Game Cube, só não tinha percebido ainda.
Sonic the Hedgehog
Comecei a jogar o negócio devagar, mas a música da Green Hill Zone invadiu meus ouvidos e eu voltei a ser um adolescente naquele momento. Nunca havia re-jogado um game antigo com tanta gana como dessa vez, e a aventura durou quase a noite toda! Fiquei impressionado quando percebi que já eram 5 da madrugada e que mal havia notado que eu já estava sozinho na sala, pois as meninas haviam se rendido ao sono a muito tempo. Fiquei totalmente vidrado no jogo. O design de fases, a música, a velocidade, os segredos escondidos, tudo me mantinha grudado à TV de tal forma que quando finalmente venci a Labyrinth Zone, até achei por bem desligar o negócio e ir dormir, assim poderia detonar o jogo no dia seguinte estando bem acordado e descansado.
E foi o que eu fiz: no dia seguinte Sonic 1 foi meu grande passatempo.
É impressionante como um jogo de 1991 pode agradar tanto e ser tão infinitamente melhor que os games do mesmo personagem que foram lançados aos montes em tempos mais recentes. Sonic era um game de jogabilidade simples: corra e pule, mas era veloz e exigia reflexos rápidos. As fases eram desenhadas de tal forma que a exploração se tornava algo viciante e perfeitamente mesclado a grande velocidade do jogo, uma aventura curta e de dificuldade mediana, mas que a gente re-jogava inúmeras vezes a mesma fase só pelo prazer de passar por elas novamente e descobrir novos caminhos, macetes, coisas escondidas e passagens.
E mesmo depois de tanto tempo, o game continua bonito e único. A primeira jogada na noite passada tinha sido prejudicada pelo fato de que toda hora eu ficava admirando os cenários e lembrando coisas do passado. Por sinal, acabei achando um monte de passagens secretas e outras coisas só na base das lembranças! Coisa linda! O design de fases, que eu não canso de elogiar, é o grande responsável por aquela intuição sacana que aparece sempre que a gente se depara com algum local onde possa existir alguma coisa a mais que uma simples parede. Assim tentamos recolher o máximo de argolas por fase para podermos ganhar uma penca de vidas extras e por final, adentrar nas fases bonus para tentarmos recuperar as Chaos Emeralds, roubadas pelo vilão roliço Ivo Robotnik.
Essas fases bonus são algo até hoje inigualáveis e originais, e nem na própria série de jogos do ouriço existem outras de originalidade semelhante. Lembram um jogo psicodélico de pimball, onde Sonic é a bolinha que rebate incessantemente nas laterais cheias de molas e aceleradores em caminhos que giram sem parar, e que ou levam a uma indesejável saída antecipada e de mãos vazias, ou até o esconderijo da esmeralda a ser resgatada. Pegando todas elas o final muda. Não muito, mas o suficiente para garantir a jogatina por muitas e muitas vezes até que consigamos tirar o sorriso maroto da cara do gordão de bigode.
E por falar em sorriso, uma coisa que me arrancou um sorrisão foi a musiquinha rápida da vida extra. A primeira vez que ela tocou foi totalmente sem eu esperar, não havia percebido que estava lá com 90 e tantas argolas, pulei em um dos monitores para ganhar mais 10 delas e pronto: lá estava eu de novo me sentindo um adolescente de 17 anos. Sim, sonoricamente o game é perfeito. Muito, mas muito a frente de sua época tanto em qualidade sonora quanto em qualidade da composição. Todas as músicas do jogo são assoviáveis como gosta de dizer meu amigo Nigaz, e pões assovio nisso! Era o dia todo apitando as musiquinhas das fases pra lá e pra cá enquanto a molecada de lá da cidadezinha perguntava que diabo de músicas eram aquelas que eu não parava de assoviar. Coitados… não presenciaram a geração de 16 bits…
Claro, terminei o jogo na segunda tentativa, na quarta peguei todas as Chaos Emeralds e fiz o melhor final naquele game que eu anteriormente, relutei em re-jogar.
Ao longo dos 6 mundos do jogo, corri alucinado atrás de argolas douradas deslumbrado com a variedade e originalidade das localidades para depois, ficar revendo meus conceitos de clássico ao relembrar a época em que o jogo foi lançado. Até hoje, nenhuma outra franquia se assemelha ao estilo desta que começou com esse game, e poucas conseguiram alcançar o mesmo patamar de qualidade e originalidade em seus títulos.
Sonic the Hedgehog é um verdadeiro clássico, um dos melhores e mais influentes jogos de que se tem notícia, concebido em uma época onde criatividade e grandes idéias eram pontos chaves na elaboração de um jogo fadado ao sucesso, e que evoluiu notoriamente em seus títulos para a geração de 16 bits da Sega.
Eu tinha sim é uma mina de ouro naquela coleção de jogos para Game Cube, e felizmente, eu a descobri a tempo de poder jogá-la em sua totalidade. Assim caros amigos retroaventureiros, eu relatarei aqui as minhas próximas experiências enquanto detonar os games contidos em Sonic Mega Collection, pois com toda certeza, jogarei todos eles agora que perdi o medo de me decepcionar: coisa que eu nunca mais farei com um jogo.
Até a próxima com Sonic 2!
Fim
O slogan do antigo RetroPlayers ainda vale pra mim: “também to morto mas tô aí!”
E muito bem acompanhado =)