Não é de agora, aliás, é desde o Especial Valis parte 1 , que vocês já sabem que fui apresentado à série Valis só em seu terceiro e melhor capítulo, não é mesmo? Já devem ter uma ideia então do carinho enorme que eu tenho por este jogo. Então imaginem a minha alegria agora que finalmente chegou a hora de falar do bendito game aqui no Retroplayers!
E já dizia aquele ditado manjado: “antes tarde duke nuken”, pois foi um caminho árduo até a conclusão deste capítulo. Árduo pelo fato de eu ter decidido terminar sem macetes ambas as versões do game para poder elaborar esta matéria: primeiro a saudosa versão Mega Drive, e em sequência a surpreendente versão PC Engine CD… Bem, acabou não sendo tão sequencialmente assim, pois a dificuldade imposta pelos games, principalmente o de PC Engine, me fez pausar a jogatina por várias vezes para que pudesse arejar a cabeça. Acabei arejando tanto que deu tempo de terminar PhantasyStar 4!
Bom, o que importa é que depois dessa pequenina pausinha de nada, estamos aí com a terceira parte do especial que trás a continuação das aventuras da ex-colegial, atual guerreira e futura Deusa Guardiã: Yuko, a portadora da Espada de Valis!
A Heroína de Valis
O terceiro capítulo da série nasceu em 1990 no Pc Engine CD, o melhor console do mundo mais mal aproveitado da história, e só no ano seguinte foi portado para o Mega Drive. Não é à toa que o game é considerado não só o melhor capítulo da série, como também é considerado um dos melhores títulos a aparecerem no console da Nec, pois motivos para falar bem dele não faltam, a começar pela história, que é novamente muito bem trabalhada, e pelas abundantes passagens em anime, marca registrada da série e que aumentam de qualidade a cada episódio, estando realmente muito bonitas neste terceiro capítulo.
Yuko cresceu, suas atitudes não são mais as de uma garota colegial e sim as de uma guerreira completa, corajosa, que sabe o seu dever e que principalmente, não foge da porrada! Valna, a exemplo de sua irmã Yuko, resolve deixar de lado seu jeitinho pacífico e também parte para a ignorância contra as tropas do mundo Sombrio, e as irmãs ainda são auxiliadas por uma habilidosa desertora, Cham, que tem sérios motivos para lutar contra os líderes de seu povo. Somos apresentados a uma aventura maior e mais épica, onde Yuko mostra todo o poder adormecido de sua espada mágica, e onde chegamos a um final com uma interrogação do tamanho do Monte Fuji.
E o Valis III original, o de PC Engine CD, me surpreendeu demais! Até o momento eu só tinha jogado a versão de Mega Drive e a muito tempo atrás, na época em que terminar o game alugado em 1 final de semana era para mim, um código de honra! E foi bom não ter topado antes com esta outra versão, pois apesar de ela ser muito superior à de Mega Drive, eu fatalmente seria obrigado a quebrar o código e alugar o game mais umas 10 vezes.
É dele que eu falarei primeiro, a versão original e mais completa de Valis III, a de Pc Engine CD.
Valis III – PC Engine CD
Como já disse, este jogo me surpreendeu demais. A exemplo de Valis 1, a versão para o console da NEC é espetacular: mais bonita, mais longa, mais completa e logicamente, com áudio de CD, o que permitia diálogos falados durante todo o game e aquela trilha sonora linda com qualidade de estúdio. Maravilha! Tudo bem que a dublagem americana é algo próximo do terrível, mas eu conferi a japonesa só para ver como era e digo: é perfeita, do jeito que os japas perfeccionistas gostam.
As diferenças já apareciam logo na abertura, que era bem maior e do que a que eu conhecia e mostrava um monte de detalhes a mais. Esta é então a história de Valis III, que é longa, mas que vale muito a pena ler:
“A eras atrás, um gigantesco monstrengo vindo de um vórtice negro surgiu nas fronteiras entre o Mundo Sombrio e o Mundo dos Sonhos, e seu poder era suficiente para arrebentar com ambos os reinos. Perante a destruição que acontecia, os Deuses resolveram mostrar que estavam de olho em tudo e escolheram dois guerreiros, um de cada mundo, presenteando-os com as espadas gêmeas Valis e Leethus, e estes uniram forças para destruir o monstrão, que acabou igual a um yakisoba.
Ao final, as espadas ficaram com os respectivos reinos: Valis ficando com a linda guerreira e sendo guardada em tempos mais atuais pela rainha Valia, e Leethus ficando no mundo sombrio, onde seu paradeiro se perdeu com o passar das gerações. Milhares de anos depois, o estranho vórtice se abriu novamente, e desta vez, começou a engolir o Reino Sombrio. Em uma reunião, um ser chamado Glames está de posse da espada Leethus, e de modo a salvar seu povo da destruição, planeja invadir o mundo dos sonhos e mais tarde, o mundo dos humanos, exterminando para isso todos aqueles que estiverem em seu caminho inclusive um de seus conselheiros, que cai morto por um golpe da poderosa espada ao se mostrar contra a guerra.
Nesta reunião, ficamos sabendo que Glames é o verdadeiro gangster do Mundo Sombrio, aquele que estava por trás das ações de Rogles e que ordenou que Megas fosse liberado de sua prisão dimensional após a falha de seu primeiro fantoche. Seus objetivos sempre foram os mesmos: retirar seu povo do alcance do vórtice, e agora que seus dois poderosos subordinados haviam levado uma sova de Yuko e com seu tempo acabando, ele mesmo resolve fazer parte da linha de frente na guerra que se aproxima.
Cham era filha deste conselheiro que foi morto, e não tardou para que ela ficasse sabendo do assassinato cometido pelo. A guerreira já entendia muito bem os desejos de seu pai, e decide partir para o mundo dos Homens e roubar a Espada de Valis, para assim usá-la em sua vingança contra o rei que matou seu pai.
A ladra invade o quarto de Yuko enquanto ela dormia, rouba a espada na mão leve e foge, mas não consegue evitar que a guerreira acorde e a persiga pela cidade. Mas Cham não vai muito longe, pois um enviado de Glames já estava no seu encalço, e quando ela se vê cercada por Yuko, sem saída em cima de um edifício, o monstro aparece e a agarra, levando-a para longe.
Neste momento, Cham deixa a espada cair, e em uma cena espetacular, Yuko mostra que não tem medo de altura e pula do edifício para agarrar a espada em plena queda livre, transformando-se instantaneamente na Guerreira de Valis, e volta para espancar o sequestrador sombrio.
Salva pela heroína, Cham se desculpa contando a ela seus motivos, e também o que está acontecendo em seu mundo. Yuko decide voltar prontamente para o Mundo dos Sonhos, e chegando lá, descobre por meio de alguns soldados moribundos que o Castelo de Vanity foi invadido, e que sua irmã Valna foi raptada e aprisionada em uma torre situada em um lago próximo. Yuko e Cham partem até lá e libertam Valna, que está tão puta da vida que resolve ir detonar sozinha o guardião que a prendeu.
Valna diz à Yuko que o poder atual da Valis é insuficiente para derrotar Glames, pois a Valis, ao contrário da Leethus, estava adormecida pelas eras. Mas Cham sabe onde o poder da espada pode ser despertado: Nizzeti, um sábio ancião que já vivia a incontáveis eras, de acordo com seu falecido pai, tinha o conhecimento para isso, e o trio parte até lá
Yuko passa por muitas provações, imagens do passado que testam seus motivos e seus ideais, e passando por todas elas o trio finalmente chega ao sábio, que desperta a Valis turbinando de bônus a armadura de Yuko.
Agora a briga é contra o portador da Leethus, e vários generais dele vão se estrepando no processo até que um deles tem aquele bom e velho senso de derrota completa, contando a elas antes de morrer que os ataques ao mundo dos Sonhos são meras distrações para manter Yuko longe do mundo dos humanos, que estava sendo atacado naquele momento por Glames.
O trio chega ao mundo dos Homens e a destruição já é alarmante. Em meio ao caos, as heroínas percebem que Glames havia invadido o local com torre e tudo, e assim elas entram no recinto triturando os inimigos pelo caminho.
No último andar da torre, o Sábio Nizzeti aparece para as heroínas e diz que Glames está logo a frente aguardando Yuko para um duelo entre suas espadas, o duelo que deveria ter acontecido à muitas eras atrás ao invés da aliança entre os mundos. Yuko responde que a aliança foi a vontade dos Deuses, e que ela o derrotará para trazer de volta a paz que eles desejaram para os mundos. A luta é árdua, vocês não imaginam o quanto, e ao final, o derrotado Glames se rende à força da Heroína de Valis, e antes de morrer, entrega a ela sua espada Leethus, o símbolo da segurança e da existência de seu povo.
A guerra terminou, as tropas de Glames se rendem, seu povo será salvo pacificamente como o pai de Cham desejava.
Com as espadas gêmeas agora finalmente juntas depois de incontáveis gerações, Yuko sente que os Deuses finalmente as querem de volta, e assim a heroína se despede de sua irmã Valna, a nova soberana do Mundo dos Sonhos, e de Cham, a correspondente do Mundo Sombrio. Um raio de luz envolve Yuko, carregando-a juntamente com as espadas para o alto, até que ela desaparece.
A paz agora reina no Mundo dos Sonhos e no Mundo Sombrio. O mundo dos homens se reconstruiu e aos poucos se esquece do que aconteceu. Quanto a Yuko, ainda pode-se encontrar lembranças e histórias de seus feitos no Castelo de Vanity, onde Valna agora rege o mundo dos sonhos.
A Heroína de Valis nunca mais foi vista.”
A história é excelente. No final, queremos de qualquer jeito saber o que aconteceu com Yuko, para onde ela foi e o que ela se tornou. E essas respostas existem, só ficarão para o próximo e final capítulo do especial.
Valis III para Pc Engine possui gráficos do mesmo patamar dos da versão de Valis 1, que foi feito 1 ano depois do quarto game (1992) de modo a completar a série no console da Nec. Assim você pode jogar neste videogame os 4 capítulos da franquia em suas melhores versões! Nada mal para um console que não chegou a brigar nem pelo segundo lugar de vendas no mundo em sua geração. Talvez se o seu poderoso drive de CD com processador dedicado tivesse sido lançado antes a sorte do Pc Engine seria outra… Vai saber?
A jogabilidade é perfeita, o que ajuda muito, e o game possui um sistema de backup automático que grava a última fase em que você chegou, sendo possível assim, continuar dela quando se para de jogar. Isso foi muito bem vindo se formos levar em conta que diferentemente da versão de Mega Drive, Valis III para PC Engine possui um desbalanceamento de dificuldade que chega a ser frustrante! As fases são difíceis por natureza, mas tem uns locais que são simplesmente uma piada de mau gosto: a gente joga, acha vidas escondidas, e de repente chega em um lugar filha da p%$# com inimigos tacando coisas de todos os lados e uma plataforminha em cima de um buraco pra gente pular em cima… Resultado: morremos todas elas, e por mais que a gente tente a frustração só aumenta, pois a cada passo aparece uma armadilha diferente pra fazer a gente morrer e voltar tudo.
E depois que conseguimos finalmente chegar no fim da fase, apanhamos do líder, e temos que repetir tudo de novo até conseguir vencer a fase e matar o filho da mãe de primeira. De primeira sim, por que se a gente morre, perdemos todos os power-up’s, e é mais fácil se suicidar logo do que continuar enfrentando o bichão sem magia, com o ataque fraco, lento e sem alcance nenhum. Em particular, 2 locais são de fazer o nego desistir: uma plataforma na fase da água (etapa que não existe no Mega Drive e é extremamente bonita), que faz qualquer jogador dar chilique devido ao exagero de coisas que vem em sua direção para te derrubar dela, e a luta contra o último líder, Glames, que é tão apelativa que não dá pra imaginar no que o programador que fez aquilo estava pensando na hora que criou esse chefe
Para vencê-lo tem que ser na raça. Não achei esquema nenhum, e o do jogo do Megão não funcionou. Só consegui batê-lo depois de muito treino, sofrimento, angustia, e depois de repetir a fase umas 80 vezes.
É verdade que Valis III é tido como o melhor da série, mas dentre os games do PC Engine eu tenho as minhas dúvidas. No Mega Drive o terceiro capítulo é o melhor com certeza, mas no console da Nec, posso afirmar que Valis 1 e 3 se equivalem: se graficamente e sonoramente Valis 1 chega a ser melhor que o 3 (valendo lembrar que o 1 foi feito depois, e herdou muito do terceiro em sua realização), o 3 tem uma história bem mais profunda, trilha sonora melhor, e jogabilidade mais diversificada. Quanto a dificuldade, os dois games causam espasmos de ódio em quem joga e rendem visitas regulares ao psiquiatra. E o 4º game também entra na briga, mas dele falaremos depois.
Realmente foi muito prazeroso e trabalhoso terminar este game, que acabou se revelando algo novo para mim, algo mais completo e que tapou algumas lacunas existentes no enredo que eu conhecia da época em que havia jogado a versão de Mega Drive. Mas isso já fazia tempo demais, e minhas lembranças estavam muito vagas para que eu pudesse fazer algum tipo de comparação. Foi então que eu decidi partir pra cima da versão que eu já conhecia de modo refrescar as saudosas lembranças que eu tinha deste maravilhoso mundo.
Valis III: Mega Drive
Chega a hora de relembrar meus tempos de adolescente espinhudo, época em que eu tinha muito tempo pra gastar em frente aos consoles, e que pasmem, era mais paciente que o Buda, pois só assim para eu ter terminado certos games daquela década, como os desafiadores jogos da série Valis.
Não é pra menos, Valis III para Mega Drive é um game curto, porém muito difícil. Claro que depois de terminar os games da série para o PC Engine CD eu mudei bastante meu modo de analisar a dificuldade nos games né, mas ainda assim, a versão para o console da Sega tirou o meu sono por algumas noites, principalmente na adolescência!
O motivo de eu ter analisado primeiro a versão original foi para mostrar as principais diferenças entre os games, já que não é preciso recontar a história por ela ser a mesma, só que mais capada. No Megão não temos a parte explicativa da abertura sobre as batalhas do passado, nem são mostrados os motivos que levam Cham a ajudar as irmãs guerreiras. Mais uma série de cortes nas animações são notadas, e percebe-se que várias fases estão faltando, pelo menos umas quatro delas. Se levarmos em consideração que o game original não é tão longo, podemos falar então que cortaram meio jogo!
Isso pode ter acontecido devido ao fato de que os cartuchos de Mega Drive da época possuíam aquela espacinho tosco de armazenamento e não conseguiriam aguentar a aventura inteira, visto que o jogo do Pc Engine era em CD e recheado de animações e falas. Assim o de Mega tinha mais é que ser capado mesmo enquanto o original ficou Directors Cut!
Graficamente existe uma diferença notável entre as versões também a favor do original, mas a de Mega Drive não faz feio não, e dentro daquilo que coube no cartucho posso dizer que o videogame da Sega conseguiu portar belas fases e animações de mesma qualidade ou em certos momentos até melhores que as do Pc Engine. O Megão fez um bom trabalho sonoro também dentro das limitações de um cartucho, possuindo melodias memoráveis, mas o principal ponto positivo desta versão em relação a original é a dificuldade mais balanceada.
Diferente das versões insanas do Pc Engine CD, que faziam a gente xingar a TV por horas a fio até perder a voz ou tacar o gamepad na parede, no Megão a coisa era bem regulada, aumentava gradativamente, sem aquelas fases cheias de armadilhas apelativas e com líderes menos desgraçados e mais técnicos. O game não tinha o tal do backup do Pc Engine, mas não precisava devido a ser uma aventura mais curta e mais fácil. Bem, menos a fase do gelo… P@#$& queu p@$#% como eu morri!! Depois que venci a bendita, joguei até terminar só para não ter que desligar o jogo e fazê-la de novo.
No final das contas, a versão de Valis III de Mega Drive fica devendo mas só quando o jogador conhece a versão completa no Pc Engine CD. Como isso é uma coisa bem difícil de acontecer por aqui, podemos dizer que o game é ótimo, o melhor título da série já feito para cartucho.
No final do game, quando me deparei com Glames e comecei a levar uma sova atrás da outra. Comecei a entrar em desespero pois não adiantava chegar no infeliz com 5 vidas, porque se a gente morresse a primeira, ficava impossível derrotá-lo só com o pouquinho de power-up’s que apareciam no corredor que antecede o confronto, e o jeito era desistir e começar a fase inteira de novo. Já estava fazendo isso pela trógésima vez quando resolvi parar um pouco e tentar lembrar como era que eu fazia pra matar aquele maldito. Só depois de umas 4 horas desencanado é que eu fui finalmente lembrar o esquema, voltei e matei o safado facinho.
Que sensação nostálgica boa! Sempre é bom relembrar o passado, ainda mais em bons jogos como esse. Mas na próxima e última parte do especial Valis, estarei adentrando em terras desconhecidas por mim, uma retroaventura nova e definitiva, que finalmente poderei desbravar em sua totalidade e assim, fechar a história da heroína Yuko: Mugen Senshi Valis IV (sim, sem o Super).
Até lá caros amigos retroaventureiros!
O slogan do antigo RetroPlayers ainda vale pra mim: “também to morto mas tô aí!”
E muito bem acompanhado =)