Gaiares é mais um ótimo e bem sucedido shmup espacial de scroll lateral, fruto dos criativos estúdios da Telenet. O game é exclusivo para o Mega Drive/Genesis e foi lançado inicialmente no Japão, no final de 1990. Logo os demais continentes receberam a versão “americanizada” do produto por meio da Renovation, a subdivisão ocidental da Telenet responsável direta pela localização dos games da empresa nos continentes americano e europeu, e ele passou a aparecer com regularidade nas game locadoras paulistanas. E se me lembro bem, esse eu joguei pela primeira vez através de um empréstimo de cartuchos, como tantos outros que me ocorreram na época de ouro dos 16 bits. Um amigo que não se dava muito bem com games deste tipo acabou me oferecendo o cartucho por dois dias, que infelizmente foram poucos para finalizar este clássico.
Apesar de ser considerado um ótimo game de forma geral, que trouxe um interessante e inovador sistema de combate, Gaiares se tornou mais conhecido por sua dificuldade “exagerada” que por qualquer outro adjetivo. Sabe-se lá por qual motivo os games de navinha precisam exigir tanto de nossas mãos e cérebros mas, esse detalhe quase que unânime no gênero, não foi suficiente para impedir que muitos presenciassem o seu merecido e suado final, fato que só veio a ocorrer comigo na elaboração deste review. Um pouco de dedicação contudo, revelou que Gaiares não é tão difícil como antigamente, quando eu penava pra passar a segunda fase.
Tentar “zerar” games das antigas é coisa muito comum para nós retro-aventureiros, principalmente entre aqueles que não foram hábeis o suficiente para fazê-lo nos primeiros anos de existência de tais títulos. Ainda bem que hoje agente pode escolher e jogar praticamente tudo através dos emuladores, desde que o tempo esteja a nosso favor. E Gaiares é mesmo um destes títulos que muita gente pouco aproveitou no passado. Na época de seu lançamento, o game acabou sendo ofuscado pela concorrência e tal fato foi muito mais expressivo fora do Japão. Os Shmups eram muito populares nos anos 90 e quando lançado, Gaiares teve de disputar a preferência da galera juntamente com diversos nomes de peso, alguns deles no próprio console da Sega. A oferta de títulos do gênero e a sensível dificuldade em prosseguir no game fez deste aqui um shmup pra ser jogado depois, já que muitos preferiam investir nas séries Gradius, Thunder Force, e algumas outras de igual prestígio.
Reza a lenda que o nome Gaiares veio da mistura das palavras GAIA (mãe Terra) e REScue. E a ideia é justamente essa: você precisa resgatar o planeta Terra, já que foi escolhido como piloto de um novo caça experimental munido de um poderoso sistema de combate. O game traz uma história interessante e boa parte dela é narrada em sua longa e bonita apresentação. Os acontecimentos se dão no ano 3008, quando a Terra se tornou inabitável. O descaso da humanidade fez de nosso planeta um completo depósito de lixo e os poucos humanos que restaram, habitam em colônias espaciais. Ainda assim, a esperança de reviver nosso planeta permanece no coração de algumas destas pessoas. O problema é que um bando de terroristas espaciais, conhecidos como Gulfer estão dispostos a estragar tudo. Liderados pela bela e maléfica ZZ Badnusty (ela é linda!), essa corja de bandidos deseja criar armas de destruição em massa utilizando o material tóxico presente em nosso planeta natal. Tentar salvar a Terra significa colocar todas as pessoas bem intencionadas na mira de ZZ e isso inclui você, obviamente. Para piorar a situação, a União Estelar Leezaluth, responsável pela ordem entre as federações, soube dos planos inimigos e enviou um alerta a todos os humanos, informando que, se não conseguirem impedir Gulfer, serão obrigados a explodir o nosso Sol, acabando de vez com toda a esperança. Destruir Gulfer e trazer de volta a possibilidade de reviver o outrora planeta azul é o que você precisa fazer nessa jornada.
Visualmente Gaiares fica na mesma linha de seus concorrentes e no quesito som ele também não faz feio. Mas sem dúvida alguma o que o difere dos demais shmups é o seu criativo sistema de armas. Você começa com apenas um tiro padrão e não existem armamentos adicionais disponíveis para coletar. Ao invés disso, sua nave é capaz de “roubar” a arma das naves inimigas, tornando a brincadeira mais interessante. Coletar mais de uma vez a mesma arma torna seu poder de fogo mais destrutivo, e até mesmo os tiros mais simples podem ser melhorados. Este sistema de combate acabou sendo utilizados em alguns poucos títulos do gênero ao longo da história, mas para a época de Gaiares era algo totalmente incomum e funcionava maravilhosamente bem!
A brincadeira funciona da seguinte forma: o tempo inteiro sua nave é acompanhada pelo TOZ System, que além de ser o responsável pela clonagem das armas inimigas, funciona também como canhão auxiliar, podendo disparar para outras direções enquanto você cuida da dianteira. Para que a clonagem aconteça, o TOZ precisa acertar o inimigo exatamente de frente. Mas se o tiro não for certeiro, pode ainda causar danos apenas pelo impacto.
Gaiares prende pela originalidade. Não é tão explosivo, mas cumpre bem a sua proposta. O visual é bacana e alguns chefes de fase são bem avantajados, para a alegria dos amantes do gênero. Seus comandos são simples, fazendo uso dos três botões do controle, onde um deles modifica a velocidade da nave em até três níveis. Os demais botões são obviamente utilizados para atirar e tragar a arma inimiga respectivamente. Para ter acesso às configurações do game, o menu de opções pode ser acessado ao pressionar A+Start quando estiver na tela título. Lá você poderá aumentar o número de vidas e a dificuldade do game.
Pesquisando na internet, é possível encontrar versões traduzidas da Rom ou o arquivo IPS de tradução para o idioma português brasileiro. Os créditos vão para o nosso amigo Orakio, do Gagá Games.
Você pode com toda a certeza gostar mais de outras franquias e concordar que terminar Gaiares não é de fato uma tarefa fácil. Como é comum em shmups, um único tiro inimigo abate a sua nave, mas o TOZ transforma toda a trabalheira em grande diversão, fazendo deste título uma ótima opção para uma tarde chuvosa de final de semana. A cada novo inimigo que aparece, fica a vontade curiosa de saber o quão poderosa ficará nossa nave, de posse do novo armamento. E esse é o segredo do sucesso de Gaiares. Sei que muitos que não o conhecem vão gostar de jogá-lo. A dica foi dada.
E quanto a você? Jogou? Gosta do game? Terminou ou levou uma surra dele no passado? Quer nos contar como foi? Então fique à vontade para deixar seu comentário.
Até o próximo review!
O Jeff é veterano que começou a jogar games com um Bit System. Ele ama jogos 2D. Criterioso e saudosista, adora os jogos de Nintendinho. Atualmente sua plataforma principal é um PCgamer, Mas jogar é com ele, não importa se num console da Sega, Sony e assim vai!